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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
 

ADONIS
 (UNSI AL-HAJ)
LÍBANO
Poesía Árabe
(1929-)

 

Adonis representa o grupo de poetas que internacionalizaram as letras árabes. Foi editor das emblemáticas revistas Chi´r         Mawágif, que deram, suporte às vozes da renovação poética nas décadas de 1960 e 1980.  Naturalizado libanês e residente entre Beirute e Paris, o poeta tem importantes passagens por universidades árabes e européias, tendo vertido ao idioma materno obras de Racine, Saint-John Perse, Yves Bonnefoy, Ovídio.
Ensaísta, propôs uma leitura do cânone árabe a partir de um conceito peculiar de modernidade, segundo o qual o clássico se define pelo sentido de renovação nele implícito.
E assim harmonizou a poesia do momento com a poesia do passado, dispondo a métrica e a rima tradicionais numa partitura que, mesmo ignorando o silabismo contado, chega a um andamento regidos por um ritmo fluido que, inusitadamente, deixa entrever os conhecidos pés métrico da poesia árabe clássica. Explora ao extremo a tendência antiga do imagismo, buscando inspiração em símiles que encontram corpo no inefável, no ineditismo sensorial e conceptual, fundindo o materialismo da alquimia com a espiritualidade de um misticismo quase agnóstico, que alternas consciências animistas, cientificistas e monoteístas. Mito, história, lenda, heroísmo são narrados a partir da consciência individuada do ser (o homem poeta), e, mesmo debruçada sobre o fato histórico, aquela sua poesia que se aparenta a certo tipo de cantar épico que não se deixa prever pela linearidade ou seqüencialidade de tempos e espaços, permanecendo, antes, o vetor lírico como tutor absoluto da linguagem e do texto. Com Adonis, se a poesia perde o véu ou o verniz étnico, em contraposição descobre um frescor renovável sempre que o poema é levado para outras línguas.
Uma das opções propugnadas pelos renovadores é a negação absoluta do recurso ao versos, entendido como unidade melódica assentada sobre uma base métrica regular ou harmonizadora de ritmos diversos, a exemplo do verso branco e livre. Tal negação encontrou na poesia em prosa de Unsi Al Haj a melhor (mas também editor do renomado diário Al-Najar). Unsi pratica um lirismo avizinhado ao dos surrealistas, no qual a consciência transcendente e atemporal humana borra o horizonte das ações históricas se cotidianas. No seu poema-livro A profetisa com seu cabelo longo a tocar as nascentes, um dos mais consistentes de sua obra, o Gênese é narrado da perspectiva masculina que se deixa solapar pela consciência revolucionária da mulher a refletir, mais e melhor que o homem, a misericórdia irrestrita do Criador... tema já tocado por outro poeta lírico, do popular Nizar Qabbani,
mas ainda sem prospecção filosófica.
 

 

POESIA SEMPRE. Árabe Contemporânea.  Número 24.  Ano 13.  Editor Marco Lucchesi.   Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2006.  201 p.  No. 10 368
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda

 

Selecionamos  apenas 7 poemas, traduzidos por MICHEL SLEIMAN  e  SAFA JUBRAN:

 

Assombro cativo

vou em busca da sombra entre os brotos e a erva      ergo uma ilha
ligo a ramagem à beira-mar
e quando se perdem os portos e enegrecem os caminhos
visto-me do assombro cativo
nas asas da borboleta
atrás do reino das espigas e da luz      na
morada da doçura.


Árvore do dia e da noite

antes que venha o dia        chego
antes que se pergunte por seu sol         ilumino
e vêm as árvores         céleres atrás de mim e andam à minha
sombra os cálices
da flor
então em meu rosto            erguem os delírios
ilhas e penhascos de silêncio cujas portas a palavra desconhece
ilumina-se a noite amiga e esquecem-
se em meu leito os dias
depois        ao rolarem as fontes       em meu peito e
desabotoarem as vestes            e  dormirem
acordarei água e espelhos         e reluzirei
como eles                a lâmina das visões
então eu durmo


Templo do dia

olho copos e cálices        tornarem-se
almofada
sonho sobre almofada
no momento do parto
no bosque do mame        e do desmame        

                                                              Carrego os meus sinos na
noite   até o templo do dia

a seiva é minha eucaristia
entre o pólen e os frutos

as folhas         o meu batismo

Árvore do Oriente

fiz-me
rebati tudo
mudei em meu fogo a cerimônia da água e da vegetação
mudei voz e apelo
passei a ver-te em dois
tu e esta pérola que nada em meus olhos
eu         e a água      nos fizemos amantes
nasço em meu nome da água
nasce em mim a água
eu      
e a água
nos replicamos



O signo

fundi fogo e neve
o fogo não me compreenderá os bosques e a neve
permanecerei obscuro e calmo
a habitar flores e pedras
a esconder-me
a perscrutar
a ver
a modular
como a luz       entre a magia e o signo


Árvore do fogo

certas famílias      as das folhas de árvore
sentam-se perto da fonte
cortam       a terra das lágrimas
lêem             para a água      o livro do fogo
minha família não esperou minha vinda
foi-se
nem fogo       nem rastro

 

Bosque da magia

seja
    vieram os pássaros e amalgamaram-se    pedra e pedra
seja
acordarei ruas e noite
e passaremos pela alameda das árvores
os ramos serão malas verdes     e o sonho
travesseiro no entretempo das viagens
onde a manhã persiste            estranha
e imprime seu rosto em meus segredos
seja
apontou um raio       chamou-me uma voz
desde o fim das muralhas.

   

*
VEJA e LEIA outros poetas árabes em nosso Poesia Mundial em Português:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html

Página publicada em abril de 2025.


 

 

 
 
 
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